Marrocos: país que sai do universo do cinema e se materializa diante de nossos sentidos
Este é o Marrocos: flautas que fazem cobras dançarem, mercados cheios de gente, temperos inebriantes, infinitas cores de terra na arquitetura das cidades, burburinhos do chamado para oração, ladeiras de barro escondidas no deserto, dunas sem fim. O país sai do universo do cinema e se materializa diante de nossos sentidos sem nenhum esforço. Comparada […]
Este é o Marrocos: flautas que fazem cobras dançarem, mercados cheios de gente, temperos inebriantes, infinitas cores de terra na arquitetura das cidades, burburinhos do chamado para oração, ladeiras de barro escondidas no deserto, dunas sem fim. O país sai do universo do cinema e se materializa diante de nossos sentidos sem nenhum esforço.
Comparada a outras cidades do Marrocos, Casablanca, a grande metrópole do país, não se destaca turisticamente. No entanto, vale uma ida a Hassan II, a maior mesquita do Marrocos e uma das maiores do mundo.
A imensidão do lugar e sua construção já valem uma espiada. Inaugurada em 1993, a mesquita tem uma sala de orações de 20 mil m² e capacidade para 25 mil fiéis.
Saara
O dia do deserto já começa com a preparação: a roupa é antes de tudo sua proteção – principalmente na cabeça-. Apesar de a temperatura começar amena, o sol é forte e a vestimenta ajuda a atravessar o dia.
O Saara tem mais de 9 milhões de km² de extensão. Ali é de onde veio o povo berbere e de onde descende a grande maioria dos marroquinos. É uma nação nômade. Para se adaptar ao clima do deserto, se tornaram transportadores, seguindo em caravanas e fazendo comércio de pedras, peles, tecidos e especiarias.
Casas de famílias nômades
No Saara, famílias nômades -por volta de quatrocentas- ainda vivem por lá. As casas são montadas com uma espécie de bambu. Há também casas de barro que estão por lá há mais tempo do que podemos imaginar, servindo de teto para esses que não conseguem se estabelecer num só lugar.
Em meio ao lugar de uma cor só, os dromedários se destacam no cenário. Montado neles, partindo para a área de Merzouga, pode-se subir as dunas do grande Erg Chebbi e ver o pôr do sol que só o deserto proporciona. (Ergues são conjuntos de dunas, e o Chebbi é um dos dois maiores do Saara.)
O passeio não termina com o poente. Se desejar, ainda pode ter um pouco da experiência desse povo e dormir num acampamento. No meio das dunas de areia é possível ter uma noite aconchegante ao som de música norte-africana e do crepitar da fogueira e, claro, sob céu mais estrelado que o deserto pode exibir.
Não bastasse o deslumbre com a noite estrelada, é indicado acordar cedo: o nascer do sol consegue ser ainda mais bonito. O contraste da areia ocre com o céu cor de rosa faz o dia começar mais luminoso nesse lugar.
A viagem continua pelo deserto, passando por uma aldeia abandonada em Merdani. A aldeia é utilizada pelos nômades que por ali passam. Eles chegaram ao Marrocos vindos da África central e ali montaram uma morada. A sonoridade africana lembra a nossa e o chá é uma delicadeza desse povo por onde quer que passe.
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Rissani
Rissani, segundo guias locais, foi considerado o maior mercado de Marrocos. Dali saíam escravos de toda a África, além de especiarias para o restante do mundo. Agora é uma cidade onde a religiosidade se vê claramente nos trajes de homens e mulheres.
Diferente do souk (mercado) de Marrakech, o mercado de Rissani não tem ostentação. Vende-se jumento, carne, especiarias de cores gritantes, pedaços de carro e bicicleta, cortes de cabelos e tudo o mais que seja necessário para viver. De fato, uma experiência marcante.
Tinejdad e Tinghir
Ainda há grandes paisagens como o caminho do Alto Atlas (a cadeia de montanhas do sul do Marrocos) para ver as antigas cidades berberes de Tinejdad e Tinghir. Grande parte dos povoados da região foram construídos em barro. São os ksars, hoje desabitados e em ruínas. A estrada segue até o grande Vale de Todgha, que se parece com grandes gargantas, tamanha é a grandeza de suas rochas.
Ouarzazate, a cidade do cinema
Dizer que o sul do Marrocos parece cenário de cinema é dizer mais do mesmo: a cidade de Ouarzazate tem o maior estúdio de cinema do Marrocos. Considerada a Hollywood local, Ouarzazate também tem um Museu do Cinema, onde você descobre que aconteceram ali as gravações de Asterix & Obelix, A Jóia do Nilo, Gladiador e, mais recentemente, Game of Thrones.
Ksar Ait-Ben-Haddou
Entre o deserto e Marrakech, a cidade merece uma visita. Além do cenário de filme, a sugestão é um passeio pela Kasbah Taourirt, onde é possível conhecer sua tradicional arquitetura marroquina berbere. Na sequência, é imperdível ir ao Ksar Ait-Ben-Haddou, um Patrimônio da Humanidade certificado pela Unesco.
Arte no Ksar Ait-Ben-Haddou
O Ksar é uma cidade fortificada que ficava na antiga rota das caravanas entre o deserto do Saara e Marrakech. Hoje, o lugar abriga um pequeno mercado, com vendedores que vivem por lá. Caminhando pelas ruelas da antiga cidade, você tem uma vista contrastante com arquitetura mais moderna que estamos acostumados.
Marrakech
O tom ocre das construções une-se ainda mais ao colorido do artesanato. Os trajes religiosos se confundem com os mais modernos, vindos de turistas ou de uma população com a cabeça mais jovem e aberta.
Le Jardin Majorelle
Entre as atrações da cidade, a primeira delas certamente é o Le Jardin Majorelle. Inspirado nos jardins islâmicos e criado pelo pintor francês Jacques Majorelle na década de 30, o jardim brinca com as formas da arquitetura marroquina, que se unem a um azul celeste, levando o nome de “azul majorelle”. O lugar é composto de plantas exóticas em meio a espécies raras vindas de todo mundo e foi comprado pelo estilista Yves Saint Laurent e por Pierre Bergé em 1980. No lugar, ainda pode-se visitar o Museu Berbere. Numa casa quase anexa está o recém inaugurado Museu Yves Saint Laurent de Marrakech, onde se pode ver de perto seus figurinos e desenhos.
Seguindo o passeio, a medina de Marrakech -como é chamada a parte antiga da cidade- é um outro mundo por si só . O Palais Bahia -um palácio construído no final do século XIX- retrata a arquitetura árabe-andaluz. Um jardim que ocupa uma área de 8.000 m², com mais de cem divisões faz os olhos não terem um lugar fixo para mirar, tamanha a beleza e a quantidade de detalhes do local.
Souk de Marrakech
Talvez seja o local mais esperado, onde todo o artesanato marroquino está ali para ser negociado. Dado a tradição do comércio nessa região, os comerciantes anseiam pela negociação, chegando muitas vezes até 50% do valor inicial.
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Fonte: Denise Mustafa | Blog viaje na viagem